Entre Perseguições e Perdas: Reflexões de um Psicanalista
Rafael Marques Menezes,
Psicanalista e Diretor da Escola Britânica de Psicanálise
Na quietude do meu consultório, onde os segredos mais profundos encontram voz, testemunho diariamente o drama humano em suas mais variadas formas. Como psicanalista, orientado pela teoria kleiniana, mergulho nas águas turvas da ansiedade, navegando entre dois grandes mares: a ansiedade persecutória e a depressiva.
Cada paciente traz consigo um mundo interno povoado por medos e desejos, sombras e luzes. Há aqueles que se sentam no divã, olhos inquietos, coração acelerado, falando de um medo quase tangível de serem prejudicados. Suas palavras são como flechas apontadas para ameaças invisíveis, mas visceralmente sentidas. Esta é a ansiedade persecutória em sua forma mais crua, um temor constante de um ataque iminente, seja ele real ou imaginado.
Observo como essa ansiedade se manifesta: um olhar que constantemente busca o perigo, um sobressalto a cada som. É uma luta diária contra inimigos invisíveis, uma vigilância que nunca descansa. Em momentos assim, o consultório se transforma em um campo de batalha, onde cada palavra minha é cuidadosamente medida, tentando desarmar as bombas de medo e desconfiança.
Por outro lado, há aqueles cuja ansiedade se veste de tristeza e culpa. Eles falam de perdas, de amores que se foram, de oportunidades perdidas. Suas palavras são carregadas de remorso, um lamento constante pelo que poderia ter sido. Esta é a ansiedade depressiva, um luto persistente por objetos amados – reais ou simbólicos – que se perderam no caminho.
Esses pacientes olham para dentro, não para fora. Seus inimigos são internos, fantasmas de culpa e arrependimento que assombram seus dias e noites. Em suas narrativas, percebo um desejo profundo de reparação, uma busca por redenção que parece nunca chegar.
Em minha prática clínica psicanalítica, aprendi a identificar os sinais sutis dessas ansiedades. A ansiedade persecutória surge como um trovão, forte e assustador, enquanto a ansiedade depressiva é como uma chuva persistente, menos intensa, mas constante e erosiva. Ambas têm o poder de paralisar, de distorcer a realidade, de transformar a vida em um labirinto de medos e sombras.
A transferência e a contratransferência se entrelaçam nesse processo. Vejo como a ansiedade dos pacientes se projeta em mim, desafiando-me a manter a objetividade, a não me perder nas suas tempestades emocionais. É um exercício constante de autoanálise, um esforço para ser o porto seguro em meio às suas tormentas.
Cada sessão é um passo nessa jornada de autodescoberta e amadurecimento emocional. Através da psicanálise, tentamos juntos desvendar os mistérios da mente, enfrentar os fantasmas do passado e, quem sabe, encontrar um caminho para a paz interior. E enquanto eles falam, eu escuto, lembrando-me sempre de que, no coração da psicanálise, está a crença inabalável na capacidade do ser humano de se reinventar, de reescrever sua própria história.
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