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Ecos Invisíveis: Navegando nas Águas da Contratransferência

Ecos Invisíveis: Navegando nas Águas da Contratransferência

 

Rafael Marques Menezes,

Psicanalista e Diretor da Escola Britânica de Psicanálise

No recôndito do meu consultório, onde as palavras tecem um véu entre o dito e o não dito, encontro-me em uma dança delicada de reflexão e introspecção. A contratransferência, essa sutil ressonância emocional, torna-se minha bússola, guiando-me através das profundezas da psique humana.

 

À medida que as sessões se desenrolam, as emoções do paciente reverberam em mim, despertando ecos de sentimentos próprios. Cada palavra, cada silêncio, cada olhar, atua como um gatilho, desencadeando uma sinfonia de reações internas. Com a caneta e o papel como testemunhas, anoto as emoções que emergem – um registro fiel do que ressoa dentro de mim.

 

Neste processo, busco discernir a origem dessas emoções. Algumas são espelhos das dores e alegrias do paciente, enquanto outras são sombras das minhas próprias experiências, reflexos de um passado que insiste em se fazer presente. Observo padrões, repetições de sentimentos que se entrelaçam com certos temas ou palavras, um mosaico de reações que se desenha ao longo do tempo.

 

A contratransferência, então, se transforma em uma ferramenta clínica, uma ponte entre o consciente e o inconsciente. Minhas reações emocionais tornam-se chaves para intuir sobre a experiência interna do paciente, oferecendo um vislumbre do que jaz sob a superfície de suas palavras.

 

Com cuidado e reflexão, decido como transformar essas reações em intervenções psicanalíticas. Cada emoção sentida é uma oportunidade de aprofundar a compreensão, de oferecer uma perspectiva que talvez não tenha sido considerada. É um ato de equilíbrio delicado, onde a empatia e a objetividade navegam juntas, criando um espaço de cura e descoberta.

 

Neste embalo da contratransferência, aprendo não apenas sobre meus pacientes, mas também sobre mim mesmo. Cada sessão é um espelho onde vejo refletidas as muitas facetas da experiência humana. E, ao navegar por estas águas, tanto turbulentas quanto tranquilas, encontro um sentido mais profundo para a jornada que é a psicanálise – uma jornada de conexão, compreensão e transformação.

 

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