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Crítica à Base Teórica da Psicologia Social Através da Ótica da Relação Objetal na Psicanálise (Parte 2)

Crítica à Base Teórica da Psicologia Social Através da Ótica da Relação Objetal na Psicanálise (Parte 2)

 

Rafael Marques Menezes,

Psicanalista e Diretor da Escola Britânica de Psicanálise

Profundidade da Relação Objetal na Psicanálise e o Conceito de Objeto Bom e Objeto Mau

Na psicanálise britânica, particularmente nas contribuições de Melanie Klein, a complexidade das relações objetais é destacada pelas noções de “objeto bom” e “objeto mau”. Klein sugere que, desde muito cedo, os bebês se dividem entre experiências boas e más com seus objetos (por exemplo, a mãe ou o seio materno). Quando suas necessidades são atendidas, percebem o objeto como “bom”. Quando estão frustrados ou angustiados, percebem o objeto como “mau”. Essa divisão é fundamental para a construção do mundo interno da criança.

A Ausência da Dualidade Objetal na Psicologia Social

  • O Mundo Interno Antes do Social: A psicologia social foca principalmente em como os indivíduos são influenciados por, e influenciam, grupos e estruturas sociais. No entanto, essa perspectiva pode negligenciar o mundo interno preexistente que o indivíduo traz para essas interações. As primeiras experiências de um indivíduo com “objetos bons” e “objetos maus” podem moldar a maneira como ele vê e interage com o mundo social ao seu redor. Por exemplo, uma pessoa que tem uma relação objetal complicada com figuras de autoridade pode ter dificuldades em interagir com superiores no ambiente de trabalho.
  • Respostas Emocionais Profundas: As reações e comportamentos em contextos sociais não são apenas o resultado da dinâmica atual do grupo ou da influência social, mas também são profundamente influenciados pelas relações objetais estabelecidas no início da vida. Uma pessoa pode reagir fortemente a uma situação social não por causa das circunstâncias presentes, mas porque essa situação evoca uma antiga e não resolvida relação objetal.
  • A Complexidade dos Vínculos Humanos: A teoria de Klein sugere que a relação entre o “objeto bom” e o “objeto mau” não é estática, mas dinâmica. Com o desenvolvimento, o indivíduo começa a perceber que o “objeto bom” e o “objeto mau” são, de fato, o mesmo objeto. Esta reconciliação é fundamental para o desenvolvimento emocional. A psicologia social, ao focar em influências sociais mais amplas, pode perder essa nuance das relações humanas, que é central para entender o comportamento humano em contextos mais íntimos.

Em resumo, enquanto a psicologia social proporciona insights valiosos sobre o comportamento humano em contextos de grupo, a profundidade e complexidade das relações objetais, como teorizado por Klein e outros psicanalistas, oferece uma compreensão mais rica e matizada das motivações e comportamentos individuais. Ignorar essa profundidade pode resultar em uma compreensão superficial e incompleta da natureza humana.

 

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