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Crítica à Base Teórica da Psicologia Social Através da Ótica da Relação Objetal na Psicanálise (Parte 1)

Crítica à Base Teórica da Psicologia Social Através da Ótica da Relação Objetal na Psicanálise (Parte 1)

 

Rafael Marques Menezes,

Psicanalista e Diretor da Escola Britânica de Psicanálise

Introdução à Ótica da Relação Objetal na Psicanálise

A ideia de “relação objetal” no âmbito da psicanálise se refere às maneiras pelas quais um indivíduo se relaciona com “objetos” (aquilo que não é o “Eu”) significativos, geralmente outras pessoas, particularmente aquelas que são fundamentais durante os estágios iniciais do desenvolvimento. Estes “objetos” incluem figuras parentais, irmãos, cuidadores e outros indivíduos que têm um papel central na formação da personalidade e identidade do sujeito.

Melanie Klein, uma pioneira na área da psicanálise objetal, argumentou que desde o nascimento, os bebês têm relações com objetos (inicialmente o seio materno) que são carregadas de fantasia. Estas relações, e as fantasias que as acompanham, desempenham um papel fundamental na formação da psicologia do indivíduo, incluindo a maneira como ele posteriormente percebe e interage com os outros.

Limitações da Psicologia Social Frente à Ideia da Relação Objetal na Psicanálise

O núcleo da psicologia social, enquanto campo de estudo, reside em compreender o comportamento humano no contexto de sua interação com a sociedade e os grupos aos quais pertence. Embora isso seja fundamental, pode haver uma tendência a negligenciar ou subestimar a profundidade e a complexidade das relações objetais que formam a base da psicologia individual.

  • Precedência das Relações Objetais: Antes que um indivíduo se torne ciente de sua identidade social ou de sua posição dentro de uma estrutura social, ele já estabeleceu relações objetais significativas. Estas relações primárias, estabelecidas na infância, moldam as percepções e reações emocionais do indivíduo aos outros e ao mundo à sua volta. Assim, enquanto a psicologia social pode se concentrar em como a sociedade influencia o comportamento, a psicanálise objetal argumentaria que essas influências externas são filtradas e moldadas por relações objetais já estabelecidas.
  • Complexidade das Relações Individuais: A ênfase da psicologia social nas dinâmicas de grupo pode, às vezes, perder a intricada teia de relações objetais que influenciam como um indivíduo se relaciona com outros em um nível mais íntimo e pessoal. Por exemplo, a maneira como alguém responde a autoridade em um ambiente social pode ser profundamente influenciada por suas relações objetais anteriores com figuras parentais.

Ao examinar o comportamento humano apenas através da lente da influência social, corre-se o risco de perder a rica tapeçaria de relações objetais que estão por trás de muitos comportamentos e reações individuais. Esta é uma crítica fundamental que a psicanálise objetal pode fazer à psicologia social.

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