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A Família e os meios de comunicação

A Família e os meios de comunicação

Sandra Almeida,

Psicanalista Membro do Programa de Formação da Escola Britânica de Psicanálise

 

Sem dúvida, a família continua a ser a instituição mais importante no processo de civilização e socialização, e não devemos renunciar a isso, no entanto, o seu peso neste processo tem sido cada vez menor devido à influência dos meios de comunicação social.

Como já referido, o perigo é que a geração atual tenha muito mais meios de comunicação externos à família como princípio norteador da realidade e, portanto, permaneça desprotegida.

A função paterna perde peso e a mídia passa a exercer essa função, que não necessariamente representa a realidade.

A moralidade sexual foi alterada e, portanto, ficou para trás o complexo de Édipo, que institui a castração tão necessária à formação do sujeito e promove a socialização.

Os meios de comunicação social têm o monopólio da formação e são uma verdadeira ditadura.

Sabe-se que a televisão influencia negativamente a interação familiar e as alterações que produz na comunicação familiar.

De certa forma, a televisão parece mais um membro da família, é uma fonte de prazer, informação e conhecimento.

É verdade que isto deve-se às enormes mudanças sociais e culturais que temos atravessado nas últimas décadas e que fazem com que pais e filhos já não brinquem como antes, por exemplo.

Podemos dizer que as consequências desta realidade são prejudiciais à estruturação do sujeito, uma vez que a família desempenha um papel primordial no processo de reprodução social e cultural da nossa sociedade como fornecedora de modelos, identificações e construção do princípio da realidade, que são elementos que constituem o Eu.

A identificação é um processo que proporciona transformação parcial e total, portanto as primeiras identificações produzem efeitos que serão universais e duradouros.

Quando a criança se identifica com uma figura, mesmo que fictícia, veiculada na televisão, por exemplo, ela internaliza suas características, não apenas relacionadas a valores e ideologia, mas também características físicas.

Se não for assim, a criança acaba sendo marginalizada pelos outros, e ela não quer isso.

Muitos pais não sabem que têm algo dentro de sua casa que lhes faz mal.

Isso acontece por vários motivos, entre eles, utilizam essas mídias como forma de distração para as crianças, porque precisam descansar, e até por desconhecimento.

Em síntese, especialmente a televisão, os meios de comunicação são os que mais oferecem modelos do princípio de realidade que substitui o princípio do prazer ao longo do desenvolvimento do psiquismo da criança, o que permitirá uma socialização saudável através de identificações e transmissão de valores, ideologias e éticas que formou o Supergo do assunto.

Com isso, percebemos que a família desempenha um papel menos efetivo na orientação dos filhos sobre o princípio da realidade.

Quando há um desvio destes modelos impostos pela comunicação de massa, esses desvios são punidos, muito mais fora da família e muitas vezes contra o ambiente familiar.

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