A Arte Contemporânea e sua Ausência de Técnica: Uma Reflexão Crítica
Introdução:
A arte contemporânea é frequentemente objeto de intensos debates e discussões sobre sua validade e significado. Nesta resenha, pretendo abordar a crítica de que a arte contemporânea não emprega o conceito de arte, no qual a técnica desempenha um papel central. Argumentarei que, nos dias de hoje, a arte contemporânea parece carecer de técnica, apresentando uma verborragia na literatura e uma expressão histérica nas esculturas, pinturas e arquitetura, que carecem de simbolismo, transcendência e beleza. Como referencial teórico, recorrerei às reflexões de Otto Maria Carpeaux, um importante crítico literário e filósofo cultural.
Desenvolvimento:
Otto Maria Carpeaux, em sua obra “História da Literatura Ocidental”, levanta questionamentos profundos sobre a essência da arte e seu lugar na sociedade. Ele defende que a arte, para ser considerada como tal, deve possuir uma técnica apurada, resultado de um longo aprendizado e domínio das habilidades necessárias para sua criação. No entanto, quando observamos a arte contemporânea, especialmente nas suas manifestações literárias, escultóricas, pictóricas e arquitetônicas, parece que a técnica foi relegada a segundo plano.
Na literatura contemporânea, por exemplo, encontramos uma profusão de obras que são caracterizadas por uma verborragia incessante, com narrativas fragmentadas, ausência de estrutura formal e uma ênfase excessiva no discurso em detrimento da técnica literária. Obras são produzidas sem uma preocupação estética clara, deixando de lado a tradição literária e o cuidado com a linguagem, resultando em uma escrita muitas vezes incoerente e vazia de significado.
No campo das artes visuais, como escultura, pintura e arquitetura, também podemos observar uma tendência similar. Obras contemporâneas frequentemente adotam uma expressão histérica, que busca chocar e provocar reações emocionais intensas, mas que falham em transmitir um simbolismo significativo. A técnica é muitas vezes negligenciada, dando lugar a instalações e manifestações artísticas que parecem não exigir habilidades técnicas apuradas, o que acaba por refletir-se na falta de beleza e na ausência de transcendência dessas obras.
Carpeaux enfatiza que a arte está intrinsecamente ligada à tradição e à busca pela transcendência, conceitos que parecem ausentes na arte contemporânea. As obras de hoje não parecem levar em consideração os ensinamentos e conquistas dos mestres do passado, nem buscam alcançar um sentido mais profundo além do mero impacto superficial. O desprezo pela tradição, pela beleza e pela transcendência resulta em uma arte que carece de uma base sólida e de um propósito estético duradouro.
Conclusão:
A crítica de que a arte contemporânea não emprega o conceito de arte, no qual a técnica desempenha um papel central, encontra respaldo nas reflexões de Otto Maria Carpeaux. A literatura contemporânea se perde na verborragia, enquanto as manifestações visuais carecem de simbolismo, transcendência e beleza. A ausência de técnica e a falta de consideração pela tradição comprometem a essência da arte. No entanto, é importante lembrar que a arte contemporânea é diversa e não se resume apenas aos exemplos citados, havendo também obras de qualidade e relevância. O debate sobre a arte contemporânea deve ser conduzido de forma equilibrada, considerando diferentes perspectivas e abordagens.
Referência bibliográfica:
CARPEAUX, Otto Maria. História da Literatura Ocidental. 4ª ed. São Paulo: Leya, 2003.
Escrito por Rafael Marques Menezes, psicanalista, supervisor clínico, diretor da Escola Britânica de Psicanálise e autor da série infantil “Floresta Encantada” disponível na Amazon (somente em formato ebook).
Na escuta clínica, encontro o meu ser, Num encontro sagrado, o outro a acolher. Como uma melodia suave e profunda, A alma se desnuda, revelando sua funda.
Na escutatória, abro meus ouvidos, Para ouvir o silêncio, os segredos escondidos. Sem julgamentos, sem pressa ou distração, Apenas presença, amor e compreensão.
Nas entrelinhas do discurso, vejo a dor, Os anseios, os medos que causam pavor. Com empatia, mergulho no universo do outro, Desvendando caminhos, acendendo o seu porto.
Escutar é ir além das palavras ditas, É penetrar nas entreveras das feridas aflitas. Um olhar atento, uma mão estendida, Na escuta clínica, a cura é compartilhada e vivida.
Na dança dos afetos, nas histórias que se entrelaçam, A escuta clínica transforma e abraça. Ouvir com o coração, com a alma plena, É dar voz ao silenciado, resgatar a sua cena.
Nessa troca genuína, eu me encontro e me transformo, No encontro de almas, na escuta eu me reformo. A escutatória é um ato de amor e de cuidado, Onde a voz do outro é o bem mais sagrado.
Que na escuta clínica, possamos nos encontrar, E, juntos, nos reconstruir e caminhar. Numa sinfonia de palavras, sentimentos e emoção, A escuta clínica nos guia na busca da evolução.
Que a escuta clínica seja o farol que nos guia, Na arte de cuidar, na poesia que nos inebria. Escutar é acolher, é dar sentido à existência, Na escuta clínica, encontramos a essência.
Inspiração: “Escutatória” de Rubem Alves.
por Rafael Marques Menezes